Audiometria Tonal Liminar

Olá meus amigos!
Que honra recebe-los aqui!

Para melhor entendimento deste texto, aconselho ler antes Instrumentos do Laboratório de Audiologia, neste link:  https://somdavidaa.blogspot.com/2020/04/instrumentos-do-laboratorio-de.html


Como já visto no texto Instrumentos do Laboratório de Audiologia, algumas ferramentas proporcionam a realização dos exames de audiometria tonal e logoaudiometria, como o fone de ouvido, o vibrador ósseo e o audiômetro, por exemplo. 
Acredito que você esteja se perguntando: será se esses exames são difíceis de serem realizados pelo fonoaudiólogo? A resposta é não! Neste texto você verá que são exames muito simples de serem realizados. 
Todavia, antes, é preciso entendermos as teorias que nos possibilitam tais exames. Vamos ver?


ATENUAÇÃO INTERAURAL (AI)
Quando um som é apresentado na orelha direita, este mesmo som, irá cruzar a massa encefálica, e chegará a orelha esquerda. Ou seja, o que é audível na orelha direita, poderá ser também audível na orelha esquerda. Mas, esse som que cruza a massa encefálica, perde energia! Essa perda de energia é o que chamamos de atenuação interaural.
Lembram da via aérea e via óssea? Para cada condução, existe um valor de atenuação interaural distinto. Vejamos:

AI VA - atenuação interaural da via aérea: 40 dB
AI VO - atenuação interaural da via óssea: 0 dB
  • Na via aérea (VA) por exemplo, se você joga estímulo na orelha direita na intensidade sonora de 80 dB, a orelha esquerda ouvirá a 40 dB, beleza? Isto é um dos motivos de realizarmos a audiometria por VA em ambas as orelhas.
  • Agora, na via óssea (VO), isto não ocorre! Pelo fato da sua AI ser de 0 dB. Ou seja, se jogarmos 40 dB no vibrador ósseo, ambas as orelhas escutarão em 40 dB. 
  • Por conta desta teoria, existe a necessidade, até mesmo clínica, de avaliarmos as orelhas de maneira distinta, pelo fone de ouvido, já que averigua a audição por via aérea. 
  • Já na avaliação da audição por via óssea, não há a necessidade de pôr o vibrador ósseo em cada mastoide (tanto da orelha direita como da esquerda). Somente em uma mastoide já basta.  
Até aqui tudo bem? 


AUDIOMETRIA TONAL
AUDIOGRAMA NA AUDIOMETRIA TONAL
O audiograma é um gráfico (relaciona intensidade e frequência sonora) e o seu preenchimento e interpretação nos darão um laudo. Mas, como se dá o seu preenchimento e interpretação? Meu amigo, minha amiga, vejam abaixo:

NO PREENCHIMENTO
- Existem dois audiogramas postos em uma folha: um para a orelha direita e outro para a orelha esquerda. Perceba que no plano horizontal estão os dados da frequência sonora (250 hz, 500 hz, 1000 Hz, 2000 Hz, 3000 Hz, 4000 Hz, 6000 Hz e 8000 Hz). E este estímulo sonoro é uma frequência fundamental - tom puro. Já no plano vertical, estão os dados da intensidade sonora (0 dB até 110 dB, embora o audiômetro seja programado para chegar até os 100 dB). Imagem 01. 

Imagem 01

Por via aérea (VA)
- Ao encontrar o limiar, ou seja, ao achar a menor intensidade sonora identificada pelo paciente, em cada frequência sonora, por via aérea, por meio do fone de ouvido, transcrevemos o resultado para o audiograma, como no exemplo abaixo, com uma caneta vermelha e azul. Observe que as cores obedecem ao fone de ouvido - orelha direita - vermelha e orelha esquerda - azul. E para cada orelha, existe uma notação distinta:
  • Orelha direita - cada limiar é escrito por um círculo vermelho. Esses círculos são interligados através de linhas contínuas também vermelhas
  • Orelha esquerda - cada limiar é escrito através de um "x", de cor azul, onde, as linhas tracejadas que os interligam são manuscritos na mesma cor.


Por via óssea (VO)
Ao encontrar o limiar, ou seja, ao achar a menor intensidade sonora identificada pelo paciente, nas frequências de 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz, 3000 Hz e 4000 Hz, por via óssea, através do vibrador ósseo, escrevemos o resultado para o audiograma, Imagem 03, com uma caneta vermelha e azul.
- O limiar registrado por via óssea é transcrito para as duas orelhas, da seguinte forma:
  • Orelha direita: utiliza-se "<"; 
  • Orelha esquerda: utilizamos ">".
Imagem 03
O paciente não apresenta limiar por VO a partir dos 70dB. Diz-se que a resposta é ausente, com < e > interligados com uma seta de sentido para baixo.


- Assim, temos o seguinte audiograma - Imagem 04, com os limiares por via aérea (VA) e via óssea (VO):



GAP
- Na Imagem 04, encontre: orelha direita, na frequência de 2K Hz. Perceba que existe uma distância, ou seja, há uma discrepância entre VO e VA, de 20 dB. Essa discrepância é chamada de gap.
- E dependendo da localização onde encontram-se os limiares de VA e VO, o gap poderá ser essencial para traçar o diagnóstico.
Importante salientar que a VO estará acima ou na mesma posição da VA, no audiograma.


NA INTERPRETAÇÃO

AUDIÇÃO NORMAL E PERDAS AUDITIVAS
- A primeira característica a se relacionar é o fato de que, quanto mais elevados são os limiares por VA e VO, como na imagem 04 por exemplo, maior é a probabilidade da audição estar dentro dos padrões de normalidade. Agora, quanto mais baixos os limiares, tanto por VA como por VO, maior será a chance da audição ter algum tipo de perda.

- Na audiologia, existem quatro diagnósticos: 01) audição dentro dos padrões de normalidade; 02) perda auditiva condutiva; 03) perda auditiva mista; 4) perda auditiva neurossensorial, sendo que para cada diagnóstico, temos que pôr a média tritonal do limiar por VA, das frequências de 500 Hz, 1000 Hz e 2000 Hz. Cálculo: dB (de 500 Hz) + dB (de 1000 Hz) + dB (de 2000  Hz)/3. A média tritonal nos dará o grau de perda auditiva. Estes diagnósticos são encontrados da seguinte forma:


  • 01) Audição dentro dos padrões de normalidade - VA até 25 dB; VO até 25 dB. Imagem 05. Médias tritonais: MT OD (20 + 10 + 20 / 03 = 13,3); MT OE (10 + 20 +10 / 03 = 13,3).


Conclusão: orelha direita apresenta audição dentro dos padrões de normalidade com média tritonal de 13,3 dB. Orelha esquerda apresenta audição dentro dos padrões de normalidade com média tritonal de 13,3 dB.


  • 02) Perda Auditiva Condutiva - os limiares por VO estão dentro dos padrões de normalidade, e os limiares por VA estão rebaixados, podendo apresentar um grande gap. Imagem 06. Médias tritonais: MT OD (50 + 40 + 30 / 03 = 40); MT OE (40 + 50 + 60 / 03 = 50):



Conclusão: orelha direita apresenta perda auditiva condutiva com média tritonal de 40 dB. Orelha esquerda apresenta perda auditiva condutiva com média tritonal de 50 dB.


  • 03) Perda Auditiva Mista - VO e VA rebaixadas, com um gap maior/igual que 15 dB. Imagem 07; 


Conclusão: orelha direita apresenta perda auditiva mista com média tritonal de 56,6 dB. Orelha esquerda apresenta perda auditiva mista com médio tritonal de 60 dB.


  • 04) Perda Auditiva Neurossensorial - VO e VA rebaixadas, onde os seus limiares são acoplados, ou seja, os limiares por VO e VA estão sob discrepância de 10 dB e 5 dB. Imagem 08.


Conclusão: orelha direita apresenta perda auditiva neurossensorial com média tritonal de 56, 6 dB. Orelha esquerda apresenta perda auditiva neurossensorial com média tritonal de 60 dB.


O nosso próximo assunto é a Logoaudiometria. Veremos que o seu objetivo principal é consolidar o diagnóstico obtido na Audiometria Tonal.

Até breve!



Referência Bibliográfica
SANTOS, Teresa M. M. et al. Prática de Audiologia Clínica. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

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